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Prestação de serviços do Bibliotequices

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5 de out. de 2022

sobre certificações e existir

Não sei se esse assunto é tratado pelo pessoal da frente LGBT+ do LinkedIn, mas tá ficando comum na minha rotina: problemas com processos para cursos, oficinas, workshops, o que for.

Primeiro começa nas inscrições:

NOME COMPLETO.

Okay, escrevo meu nome social, pois é assim que existo e me chamo.

Mas eu já sei de antemão que isso vai dar problema lá na frente na certificação - não tenho retificação de certidão de nascimento ou identidade, a burocracia me trava em muitos lugares, a grana para fazer o processo me falta, eu apenas quero fazer a bendita de inscrição e tentar ser uma profissional melhor!

Aí se há espaço na caixinha da inscrição eu copio e colo a menção sobre decreto nº 8.727, de 28 de abril de 2016 e o link para a legislação: [LINK DECRETO]

Passei por esse estágio, tá tudo bem? Acho que sim. Espero que sim.

Aí vem o campo SEXO...

Sério, minha gente, o que vocês querem com isso? Estatisticamente falando? Vocês vão mensurar quantas pessoas com genitais distintas irão participar? O tipo de gente com genital que comparece mais recebe algum bônus? Há alguma diferença de tratamento sobre as pessoas com genital y e z? E as pessoas com ambas? E com nenhuma? Já consideraram? 

Dica valiosa: não pergunte SEXO, perguntem GÊNERO, se forem fazer ações/estatísticas que tenham a ver com DIVERSIDADE E GÊNERO em suas atividades. se não houver nada disso, esse é um dado inútil e que faz a gente aqui do outro lado simplesmente desistir do processo de inscrição.

(Para quem não está habituado com essa questão, pesquise sobre DISFORIA, ajuda um pouco a entender o que acontece. Seria a mesma coisa se o tempo todo em todo lugar que você vai alguém te trata pelo nome errado e pronomes ao contrário, nada bom né? E embaraçoso demais!)

Aí até chegar ao final do formulário de inscrição, já está batendo diversas dúvidas se aquela atividade vai mesmo valer a pena para gente ter energia extra e aturar mais preconceito velado e falta de sensibilidade com algumas questões.

INSCRIÇÃO FEITA!!

Aí bate a ansiedade e a preocupação em como as pessoas vão interagir no curso. Quantas vezes já me trataram no masculino, apenas pelo fato de eu dizer que sou trans? Por que as pessoas acham que sair de uma binaridade (binário quer dizer 2 tipos de padrão) é automaticamente pular para o outro "gênero" predominante e cisnormativo?

Cês tem um manual aí que fizeram secretamente e não pediram pra ninguém de cá revisar?  

A ansiedade maior vem com a chegada do curso. E gente, eu só vejo eu nesses cursos como pessoa trans. Na área de Biblioteconomia eu não vejo meus pares! Não vejo as travestis, não vejo pessoas trans, é somente eu e é brutalmente constrangedor.

Porque eu entendo bem o motivo dessas pessoas não estarem nessas atividades ao meu lado: transfobia institucional.

Desde lá o ensino fundamental (E não dá garantia alguma se essas pessoas vão ter uma formação decente para ingressarem em uma faculdade) até na vida profissional, na qual vejo ZERO pessoas trans que conheço/esbarro/tenho ciência que estão na Biblioteconomia, nesses cursos. A gente não está nesses espaços.

Isso é sério.

Vocês estão sinalizando o tempo todo que eu não devo estar aqui. Que a minha existência como pessoa bibliotecária e outras pessoas como eu não devemos existir. Não devo trabalhar em bibliotecas. Não querem que eu contribua com a área. Não possibilitam outras pessoas como eu a estarem no curso de Biblioteconomia e serem pessoas bibliotecárias fabulosas e conscientes de seu lugar na sociedade.

O tempo todo tenho o lembrete de que o mercado de trabalho para pessoas trans é ou na esquina ou informalmente recebendo uma miséria e tendo que apelar para várias outras formas de sobrevivência fica não só na cara como me dá surras de consciência de classe diariamente.

No final do formulário de inscrição, sempre sinto a mesma sensação: eu não deveria estar aqui. Me inscrevendo para a atividade, tentando ser uma profissional capacitada, tentando acompanhar a máquina que mói a gente todos os dias.

Todos os dias.

Aí curso, oficina, workshop acaba, o que vem mais? Mais outra aflição: a CERTIFICAÇÃO.

SEMPRE dá errado.

Sempre tenho que respirar fundo e pedir por gentileza, presta atenção no formulário que preenchi e coloca o nome que requisitei? (Tá lá no Decreto, leiam! faz bem pro coração!) Por que insistem em perguntar sobre genitais dos outros e é comum para vocês fazerem essa maluquice discursiva, por quê é tão difícil entender qual nome eu uso?

É tão complicado assim ter um pouquinho decência e ética?

Estou desistindo de fazer cursos esse ano, essa é a lição que 2022 jogou na minha cara, inúmeras vezes de tentativas de inscrições e desistir no meio do caminho, de pensar duas vezes antes de me submeter a outra ansiedade empilhada e mais situações constrangedoras entre colegas de trabalho e de área, por não respeitarem o mínimo, como é que é mesmo no nosso Juramento de Bibliotecário? Ah sim, o tal de:

"Prometo tudo fazer para preservar o cunho liberal e humanista da profissão de Bibliotecário, fundamentado na liberdade de investigação científica e na dignidade da pessoa humana".

(Que deveria ser mudado urgentemente, se a mensagem não está sendo captada por quem trabalha na área, eu desisto.)

30 de set. de 2022

Já me doei demais pra essa profissão

Fui chamade para uma fala sobre o livro que organizei em uma biblioteca badalada na região. Vai ter cachê. Preciso MUITO da grana.

Foi o lugar onde mais recebi transfobia, exposição à violência, assédio moral e burnout f00dido em estágios, periferia não entra.

Recusei.

Minha reação na hora ao ouvir meu nome morto no "convite". 

Repassei o convite para pessoas e uma instituição que cuida de pessoas trans, por saber que elus podem fazer um trabalho mil vezes melhor e efetivo.

Por mais que pareceu tentador (E a grana era boa!), infelizmente a minha Ética pessoal martela tanto que não dá pra não desver.

Tenho muito medo de ser chamade para fazer essas falas LGBT+ ou trans em lugares que SEI MUITO BEM que estão usando a gente de token ou querem ser desconstruídos apenas por 1 dia.

Falar em eventos da minha área de atuação (Biblioteconomia) sou que nem diabo foge da cruz. E é ph0da se esconder em cenários assim  porque são lugares que legitimamente eu deveria estar ocupando. Mas isso custa caro: a minha sanidade não tolera mais esses bagulhos jogados pelos transfóbicos daqui. Eu não tenho forças.

Sei que outras pessoas tem e agradeço.

Já recusei convite de um bocado de lugar pra "fazer videozinho", "uma fala pequena", "divulgar seu livro", porque o buraco é sempre mais embaixo. Não vejo a minha profissão mudando o status quo quanto a pessoas trans e as travestis. Não vejo sinceridade nos atos.

"Ain, mas você é branque e tem privilégios nesses espaços." - sim, mas não uso privilégio em lugares onde sei bem que vão me sufocar no 1º momento que me sobressair. Been there, done that, movimento estudantil foi uma longa escola sobre onde depositar forças sobre uma pauta.

Bibliotecas não respeitam vidas trans, vidas negras, vidas indígenas e vidas de pessoas com deficiência, é fato. Pessoas cis que trabalham em bibliotecas nos querem LONGE delas e colocam barreiras de muitas formas, não só em preconceito velado.

É militar armado na porta barrando entrada.
É sem rampa de acesso ou elevador.
É catraca na porta pra controlar corpos.
É chamar pelo nome morto e pelo pronome errado.
É perseguição dentro da biblioteca com "medo de roubar livro".
É se recusar atender, porque "não sabe atender gente desse jeito".

Enquanto tiver gente da minha laia (bibliotecária) votando em projeto genocida, sendo reaça, fascista e branco cis mediano medíocre, a Biblioteconomia VAI continuar do mesmo jeito: sendo cães de guarda pro CIStema manejar bem os corpos indesejáveis.

Enquanto tiver profissional "isentão" de todo processo histórico de exclusão, invisibilização e chacina de corpos não-padrão e indesejáveis na sociedade, vai continuar tendo biblioteca elitista e branca.

A gente tem que se empoderar e tomar o lugar?
Não sei.
Arranjar emprego em uma fica cada vez mais difícil. Permanecer em uma mais ainda.

Passar o resto da minha vida profissional tendo que corrigir coleguinha transfóbico não é o que eu almejo como pessoa bibliotecária. Socar um nariz ou jogar um molotov, talvez.

E odeio a minha Ética pessoal e tudo que vem junto com ela. Eu poderia ter pego esse maldito evento, ganhado uma graninha pra pagar as coisas e ir deitar no travesseiro à noite me sentindo realizade.

Mas

Não

Tem coisa que tem limite.
Já me doei demais pra essa profissão.

9 de set. de 2022

decepcionistas e entender as vagas "vagas"

Caso vocês não saibam eu estou com a Dona Elza, a tia da biblioteca, lá no canal do YouTube do Bibliotequices e a sessão chamada "Vagas Arrombadas".


Para participar anônimamente, você pode enviar os seus relatos de vaga arrombada da Biblio neste FORMULÁRIO AQUI e eu garanto com meu juramento de profissão que nem vou saber quem você é.

Mas eis eu aqui, escrevendo novamente no blog que abandonei por inúmeros motivos, inclusive esses que irei apresentar de forma rasa aqui, (não sou especialista, logo não me meto na área de ninguém). 

Desde criança estive a procura de lugares seguros, com bancos ou lugar pra sentar e em que eu pudesse apenas descansar a cabeça e as costas. Bibliotecas encaixaram no meu perfil de lugar seguro e de conhecimento também, pois eu apostava muitas fichas otimistas que minha educação formal em escola pública iria melhorar se eu frequentasse mais bibliotecas escolares e públicas.

Ledo engano.

Mas uma ótima coincidência décadas depois escolher a profissão que cuida desses lugares para estar atuando profissionalmente (Ou assim pensei que iria), pois o ambiente de bibliotecas, museus e arquivos me fascinam e não é por causa do regime ditatorial de silêncio e estudo, do cheiro dos livros carregando o prenúncio de uma rinite ou processo alérgico severo (hehehe, vai nessa na nostalgia), muito menos da figura notória de bibliotecáriA me mandando ir pro lugar e calar a boca (isso professores fizeram sempre, muito obrigada, fui uma criança que chamam de "hiperativa" e de "altas habilidades"), foi porque em bibliotecas eu encontrei um jeito de distrair a minha cabeça do mundo lá fora.

Entendam, eu sempre achei que tinha um problema. Em mim, no mundo ao redor, nas pessoas. "Problema", não "dilema", porque problema você pode encontrar solução, mas quando se é neurodivergente diagnosticado após os 35 anos e descobre que toda interação que fez desde criança era forçada e consumia uma energia do caramba, aí sim você começa a questionar muitas dessas interações.

Leia mais no link abaixo...

12 de dez. de 2020

Hora de Bibliotecar!! Games + Bibliotequices

 


O que acontece quando juntamos Bibliotequices e Games? 
Dá nesse trem aí que tou formulando faz um tempinho :) 

Toda quarta às 22h aqui no canal do YouTube e simultaneamente lá no Instagram (câmeras diferentes, gambiarra over9000) estarei apresentando por 30 minutos ao vivo, alguns jogos que gosto muito e que adivinha? Tem coisas biblioteconomísticas. 

Alguns pesadelos biblioteconomísticos! 
Algumas coisas engraçadas! 
Grandes bibliotecas, livrarias, arquivos, centros de informação, representação de bibliotecáriens de formas não muito... hmmmm... condizentes com a vida real ou talvez sim! 

Tudo produzido aqui não pretende ferir nenhuma lei de copyright ou ganhar dinheiro (Aliás, os meus vídeos são desmonetizados por default, tá camarada YT!), mas para mostrar um bocado desse universo ficcional que imaginam sobre a gente e a nossa profissão por aí. 

Bora lá me acompanhar nessa jornada dentro de games?

24 de nov. de 2020

Bibliotecas Livres e algumas considerações

Dragonfly Anarchy Library (No hemisfério norte)
Fico meio pasmada quando as pessoas acham que quando falo de "Bibliotecas Livres" é sobre revolução Flower Power, sendo namastê, acendendo vela aromática pra Ranganathan, sendo pacífica e propondo métodos (???) de se consertar algo que já está mais remendado que colcha-de-retalhos.

Véi, a mudança só se alcança com bagunça, com Caos e infelizmente Destruição.

Pra destruir conceitos estagnados da Biblioteconomia tem que bagunçar as convenções. Pra extinguir práticas antiquadas e acomodadas tem que movimentar, caotizar, trazer à tona todo tipo de problemática e arregaçar as mangas, usar a cuca, propor soluções e fazer acontecer (O tal do fazer por onde).

O sistema tá acostumado com passividade e comodismo, a gente cai nisso quase que por default (afinal mudar o status quo é treta, né?). Mas se você acredita que Bibliotecas são espaços que podem auxiliar na ascensão da classe trabalhadora e da população marginalizada, bota isso aí na lista - Bibliotecas Livres.

Inclusive livres de qualquer envolvimento no sistema que nos sufoca. Biblioteca Livre é caótica, ela não para pra folga, pra férias, pra recesso, ela não tem horário regrado. Tá ali remexendo no lugar 24 horas por dia, independente se você estar nela ou não. Você não é o centro do universo, "biblioteconcentrismo" é contagioso?

E o povão não tem tempo ou dinheiro ou oportunidades para estar no mesmo local de privilégio que a gente. Pega essa teoria aí acadêmica e joga no lixo, aqui quem manda é o povão. 

Ué? E não era para ser?

Ou a gente vai finalmente admitir que estudamos pra servir a um estrato social idealizado que cismamos em insistir que é o público-alvo perfeito? A gente serve (servidão) para a classe média intelectualizada a elite abastada?

Pra esses trem de gestão, planejamento e blábláblá a gente deixa com os engravatados alheios ao mundo real (E o mundo real costuma ser bem cruel com pessoas que não possuem informação como nós), tá na hora de botar a mão na massa, essa é a essência da prática em Bibliotecas Livres.

É entender que você, eu, nós não somos feitos/estudamos apenas para cumprir funções pré-determinadas. A gente precisa saber o que o povão precisa antes mesmo deles terem a necessidade, não servimos a ninguém, a gente compartilha nossas atuações com quem vai multiplicar.

(Para de 'marrar mixaria, sô! Você não é o último biscoito do pacote, já reparou nisso?!)

Bagunçar pra arrumar para quem realmente precisa e vai usar.

Ordem e progresso é pra gente que aplaude o "preservar o cunho liberal e humanista de sua profissão, fundamentado na liberdade da investigação científica e na dignidade da pessoa humana" como sendo o máximo, segue a risca, não questiona nem o que tá proferindo no Juramento, cunho liberal e humanista... O que raios tão querendo dizer com isso?!

Como se essa frase tão simbólica e carregada de discurso positivista não fosse um recorte na nossa função social de cães de manutenção do sistema.
(Sit, junto, sentado, parado)

Bora parar de ser neutro?
Acordar pra cuspir!

Biblioteca Livre é descentralizada, se cuida sozinha, porque cuida de todos (TODOS, não toldos), não se ilude com apud de sei la quem ou acha que tem que ganhar prêmio de "biblioteca do ano". Tá ali porque é necessária pra população e faz por onde para se manter. É vaquinha, é financiamento coletivo, é voluntariado, é abraçar uma causa em conjunto com pessoas dispostas a reconfigurar essa Realidade.

Biblioteca Livre com Práticas
Anarquistas
, anota isso aí diplomados, é o povão que tá fazendo melhor que vocês. Bora descer do salto e juntar as práticas, até onde sei não temos nada a perder.

(Mas ferir o Ego, estraçalhar seus "valores burgueses", rasurar sua existência, isso ninguém quer, né?)

15 de out. de 2020

Prestação de serviços do Bibliotequices


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Estou dando um help para ajeitar direitinho Currículo Lattes e LinkedIn para quem nunca mexeu ou precisa urgente de botar tudo em ordem, por um precinho módico e social para quem precisa.

Nada de "mim manda um inbox", já deixo os preços em valor social aqui:

Lattes apenas = a partir de R$ 50,00 a sessão (Se tiver moooooita coisa pra acrescentar e organizar, aí combinamos esses esquemas por sessões)
LinkedIn apenas = R$ 40,00 (perfil, dicas para vagas, dicas para a plataforma)
Currículo profissional = R$ 25,00

Aqui também tem combos com descontos de até 25%!

Combo Lattes + Curriculo profissional = R$ 60,00
Combo Lattes + LinkedIn = R$ 76,00

Valores sociais APENAS pessoas trans, as travestis, pessoas negras e indígenas, com deficiência e pessoas de baixa renda.

Para pessoas normativas, orçamento no sigilo, porque é o que vocês costumam fazer com a gente, até em trabalho.


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Como sei que sempre acontece, vamos para um FAQ básico?
Óbvio que vai ter gente perguntando coisa nada a ver, bora desenhar.

--> Não me enquadro em nenhuma categoria especificada acima do valor social, posso pedir o desconto?

R: Não. Mas existe algo chamado "fazer o orçamento" que com certeza vai ser bem mais do que você pensa. (Oras! Você tem dinheiro e é privilegiada/o nessa sociedade, por quê eu não cobraria a mais???? Hello, estamos no capeta-lismo, se acostuma! No sigilo é sempre mais caro.)

--> Sou conhecide, colegue, amigue seu, ganho desconto?

R: Depende. Se você já salvou a minha vida alguma vez ou me ofereceu comida durante a graduação? Vou pensar no teu caso. Pessoas docentes cobro o dobro. Se for da minha área, cobro o triplo.

--> Você entrega em quantos dias?

R: Com a reza braba e documentos certinhos para que eu possa começar, de 4 a 5 dias para o Lattes (Se for muuuuuuita coisa para colocar nos trem, aí combinamos um prazo maior), LinkedIn de 1 a 2 dias. Currículo profissional costuma ser 1 dia.

--> Você nem é profissional da informação! Como tá cobrando esse tipo de serviço profissionalmente?! Escândalo!

R: Uai, cê você é desse ramo, então é você quem deveria estar fazendo esse  tipo de serviço DE GRAÇA pras pessoas, não eu, sô! Tá cobrando o quê de mim?! (E com licença que meus diplomas na Letras e Biblioteconomia estão pedindo pra passar, olha só!)
Para quem realmente quer saber, eu tenho experiência de mais de 8 anos no ajeitar Lattes/LinkedIn e Currículos, não só para mim, mas para outras pessoas - e já que tem que ter esses registros institucionalizados para ser reconhecide e ter validação na sociedade, resolvi apostar nesse nicho de mercado.

[EDIT] Tenho CRB agora, hahahahahahaha, agora sim posso dar carteirada!

--> Não quero seus serviços, quero de outras pessoas. Você vai me passar os contatos?

R: Vou, privilegiado/a do caramba. Por R$ 50,00 e comissão de 15% pra pessoa que eu indicar, satisfeito/a?

--> Mas pra quê cê tá fazendo isso?!

R: A pessoa falida aqui precisa de uma graninha pros boletos que não param de crescer, pra ração de 2 gatos (Zé e Bete) e quero muito aprender-ensinar com quem nunca fez Lattes ou LinkedIn: esses serviços também me dão a chance de trocar umas figurinhas com as pessoas. Ah! Eu sou uma pessoa trans não-binárie e sei o quanto é difícil conseguir emprego e/ou ajeitar os trem acadêmico sem se desesperar, bora se ajudar galera! Parcerias são bem-vindas


--> É verdade que você está usando isso para seu plano maléfico de dominação mundial via estantes?

R: Sim. Óbvio.

--> Por que você escreveu esse FAQ com um tom meio passivo agressivo?

R: Porque usualmente pessoas não leem FAQ.

24 de set. de 2020

sorrie e acene biblioteconomia



Nossa profissão é bem burocrata.

Talvez engessada pela Academia, talvez pelo sistema que mantemos com unhas e dentes.
Aí vai lá dar uma olhada na nossa Legislação e tá, parte burocrata, parte multidisciplinar que vou fingir que é interdisciplinar e sei lá, ver o que dá essa soma de afinidades e habilidades aí.
Aí vai pros currículos do curso aí afora e vê que não tem um consenso geral do que a gente é afinal ou quem estamos formando.
(Tamos formando gente pra ser bibliotecário ou burocratas com diploma para realimentar o sistema acadêmico?)

Aí vem a confusão de termos técnicos que a gente ama pegar emprestado de outras áreas e não colocar contexto nos tréco, ensina os graduandos como fazer um bolo simples, mas esquece de dizer como ligar o forninho. Aliás, se algum deles sacar que tem que levar a massa ao forno, vai constatar que tá sem gás. A receita de bolo é uma mentira.

(DAH CAEK IZ A LIE!!)

Voltemos a Legislação: o que devo fazer para ser um bibliotecário? 1 parágrafo bem explicadinho, uns 3 artigos na lei de 1962. Beleeeeeza dá pra partir daí e fazer inferências do que posso ser. Empolgação a mil! A IFLA e órgãos internacionais trazem outras fontes pra ajudar na ligação dos pontinhos (Na nossa área tem que ligar pontinhos o tempo todo, às vezes tem que pegar a mão do sujeito acadêmico e seguir junto com ele os pontinhos.).

Parece lógico.
A soma tá parecendo que vai bater.

Aí no restante do papel padrão assinado pelo Jango: "O que você NÃO DEVE SER e hey! Vamos lá falar do seu Conselho?" - então vai lá falar do Conselho, talvez eles dêem uma palhinha do que posso fazer, né? Esperanças! Conselhos fiscalizam coisas e pessoas, eles devem ter normativas pra me direcionar.

No Código de Ética, conta aí, 20% do texto é aquilo que é meu direito em ser bibliotecário, uns 35% o que NÃO DEVO FAZER como bibliotecário. Os 55% fala do quê? O que o Conselho pode fazer comigo se eu descumprir algo acordado ali nos 35% e AI SE MEXER NOS 20%!!

Talvez o Sindicato possa me dar uma ajudinha...
Eita, não tem Sindicato...
Segue o baile? Segue o bailinho...

Aí tamos pra formar, e tá naquela hora de autocrítica, reflexão de 4 anos em um curso que em mobilização política parece uma biblioteca medieval (silencioooooosa e se mexer nos livros proibidos morre envenenado). Então você fica só com a parte técnica mesmo (É o que tá garantido nas leis e resoluções, o currículo não mexe de jeito algum, isso jamais sai de moda) e aquele tréco mais confuso da Ciências Sociais Aplicadas (O tal do social, essa quimera de dentes afiados) deixa pra sei lá... Esses pesquisadores aí pesquisarem. É a função deles né? Afinal precisa de gente estudando a gente pra gente evoluir no pensamento.

Parece lógico.
Pelo menos era assim que as Ciências se estabeleceram nesse planeta.
Cê vai lá, estuda a coisa, disseca a coisa, escreve da coisa, prova da coisa e pronto, a coisa existe.
(Ela já existia antes de você dissecar, mas lembra? Burocratas, gente! Vamos seguir as regrinhas? Ou vai pro cantinho do castigo sem pontinhos de citação, hehehehe)

Aí quem ficou na academia prefere pegar a quimera de dentes afiadíssimos, dissecar o bicho e decidir que "Oh, é isso aqui que é pra ser Biblioteconomia agora. Bora estudar só isso e o que vier de fora ignoramos, porque essa parte da quimera dá mais status e dinheiro que tentar estudar a cabeça dela..." - (E cês sacam que quimeras tem várias cabeças né?) aí vai uma renca de gente que se formou sem saber em que realmente se formou (Lembra da atividade nula de movimentação política e união de classe?) pra estudar a textura do couro na parte interna da barriga da quimera. Aquela parte que começa o leão e termina a serpente. Porque alguém (burocrata acadêmico) disse que aquela parte que é valorizada no mercado inexistente de moeda fictícia. A gente vende palavras e dissecação de quimeras pra nós mesmos para sobreviver na academia, gente.

Vai ter doutor gritando um com o outro que a serpente é mais importante e outros esperneando que é o leão, e a gente que formou e foi pro mercado de trabalho fora do mundo ilusório e encantado do Parnasianismo Acadêmico (Não, não há unicórnios aqui, aliás se falar de unicórnios tem perigo de ser taxado de humanista, não burocrata. Que blasfêmia), só queremos saber quando geral vai sacar que não é pra isso que bibliotecário serve, agora, nesse momento. Ou quando os doutores vão parar de falar de si mesmos e começar a a somar com a comunidade, com a cidade, com a sociedade.

A gente espera o milagre cair do céu, porque somos um bando de frouxos, tem essa também, então qualquer lugar tá bom, assalariado ou não, fora da função em que nos formamos ou não, aprendendo na ladeira abaixo que a sociedade anda pegando impulso quando se fala de Ensino, Ciência e Tecnologia.
(Nunca me senti confortável com carrinhos de rolimã, mas vai...)

Quem forma e tinha essa ideia que talvez, TALVEZ pudesse fazer alguma diferença lá fora (o mundo frio e cruel, real, Neo, não essa simulação da Matrix Lattes que vocês amam idolatrar como única realidade existente), mas vai engolindo o que dá com essa de profissional da informação (um termo que veio para agregar áreas de conhecimento parecidas com a biblioteconomia ou um termo genérico para esvaziar o sentido do que essas profissões ali integradas significam pra sociedade? Já fui questionada se trabalhava como guia turística ao falar de profissional da informação. Turismo não tá no nosso balaio), as diferenças de salários de uma cidade pra outra, a desvalorização do teu trabalho, a indiferença de um governo que não pretende deixar povão inteligente, esperto e pronto pro mundo real. Fica aí burocrata, obedece as 8 horas de trabalho (6h em algumas repartições tradicionais), não dá um pio e ai de tentar desestabilizar o sistema! Somos os cães de guarda dos afortunados do pedestal da intelectualidade e louros acadêmicos. Não vem mexer na pirâmide não!

Tudo bem.
Parece lógico.
Afinal, não tem nada na história da minha profissão que relate um levante de bibliotecários revolucionando sei lá, o sistema de bibliotecas públicas de uma das cidades mais violentas do mundo. A frouxidão tem seus benefícios.
Aí vou olhar a Legislação de novo (Burocratas amam ter certeza que estão certos conforme as leis).
Vou lembrar das minhas aulas na graduação, do sofrimento do mestrado e do buraco interdimensional que o doutorado provocou entre a teoria e a prática.

A soma não tá batendo.
As leis não estão condizendo com os currículos e os currículos não estão condizendo com a vida real lá fora.
Vamos além! Esse trem que cês chamam de Biblioteconomia nem mais pode ser considerada Biblioteconomia de tanta quimera dissecada brotando nos currículos, termos emprestados que se perdem de contexto no meio do caminho, gente formando e fazendo piada (E chorando) com o "Biblio o quê?!", porque sinceramente NÃO SABEM o que estão formando para serem o quê.

Biblio-o quê?
Biblio-do quê?
Biblio-de quem? 
(Oh, oh! Essa eu sei! Eu sei! Da elite cafeeira formada na Europa que volta pro Brasil pra civilizar os burraldos daqui! Opa, não? Não é isso? Não estamos no começo do século XX? Mas parece? Tem gente aí da minha área batendo panela, pedindo pra volta do fascismo e continua achando que somos guardiões do saber e da língua pátria...)

Acho que já tá na hora da gente se perguntar "Biblio-pra quê?", porque tá perdendo muito do gênesis da profissão nessa bagunça caótica que resolvemos nos meter quando nos autoproclamamos como "interdisciplinares", a ciência que se relaciona com todas as áreas do conhecimento, os "mediadores de informação" como uns livros adoram conceituar.

Porque tem coisa errada nesse cálculo, gente.
A Legislação brasileira diz uma coisa.
Os currículos de graduação ensinam outra.
O mundo lá fora mostra OUTRA realidade pra gente trabalhar.
(E não é 6k de salário em empresa de informação não, bobinhos, isso é conversinha pra boi mimir, burocrata é ser realista/fatalista)

A soma não tá batendo.
O 2 + 2 que era pra ser 4 (E nós, burocratas AMAMOS tanto quando a racionalidade científica dá certo e calamos a boca de quem diz o contrário) virou aquele paradoxo horrendo de 1984 de Orwell.

2 + 2 é 5 aqui na Biblioteconomia.
E ai de dizer que é 4.
Legislação e currículos quebram seus dedos até você acreditar que é 5.
(Sorrie e acene, camarada, sorrie e acene...)